Ouvidos do Espírito


Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. (Ap 1:3).

Não podemos negligenciar a ordem implícita nesse versículo: ler, ouvir e guardar. Como cristãos, devemos nos importar com aquilo que nos é transmitido. Pode parecer-nos estranho, que após lemos cuidadosamente o conteúdo da palavra, tenhamos ainda de ouvir alguma coisa.
Primeiramente é crucial, percebermos, que a base do falar do Espírito a nós, se dá, por meio da palavra que fora armazenada em nossa mente.
Em João, quando o Senhor se dirige ao experiente Nicodemos, enfatiza, a necessidade dele nascer de novo, pois somente aos regenerados, seria dado o sentido auditivo espiritual, por meio do qual, pode se ouvir a voz do Espírito. Como o Senhor disse a Nicodemos, o falar do Espírito para um regenerado, é como o vento. Embora não saibamos a sua origem e nem para onde vai, ouvimos a sua voz (Jo 3:8). Em Apocalipse, aqueles que são dotados dessa percepção auditiva, são chamados de “bem aventurados” (Ap 1:3). Em outras muitas ocasiões, esses ouvidores privilegiados, são o público alvo das revelações: “Quem tem ouvidos, ouça...” (Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22; 13:9). A mensagem do Espírito Santo em Apocalipse destina-se exclusivamente, a aqueles, “que tem ouvidos”.
Por meio de Romanos 8:11, ficamos claros, de que somente uma pessoa regenerada, cujo espírito seja habitado pelo Espírito de Deus, ressuscitará. Uma pessoa, que não tenha o espírito regenerado, não ouvirá a voz do arcanjo (1Ts 4:16). A ressurreição, é para quem tem ouvidos (Rm 8:9). Se alguém morreu sem ter recebido o Espírito de Deus, não terá sido dotado do sentido auditivo espiritual, e conseqüentemente, não ouvirá o chamado do Senhor (Ap 20:4). Em João, também encontramos uma referência aos bem aventurados ouvidores: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão” (Jo 5:25, 28). Não deixemos de enfatizar o termo: “e os que a ouvirem viverão”.
Existe uma passagem bíblica, que pode passar desapercebida, se não aplicarmos o princípio observado nas referências mencionadas anteriormente. Essa passagem encontra-se em Romanos 10:17: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir vem pela palavra de Cristo (RC)”. A dualidade da palavra aplica-se, tanto ao princípio da audição objetiva, como na percepção auditiva espiritual, a audição subjetiva. Tratando-se da audição objetiva, nos referenciamos, a palavra ouvida, o discurso. Primeiramente ouvimos a palavra de Cristo e a partir daí, somos dotados da capacidade auditiva espiritual. É um fato indiscutível, de que ao ouvirmos a palavra em forma de discurso, nós somos consolados, lavados, animados, e que algo relacionado à fé, é produzido em nós.
Alguns irmãos têm, por hábito, transcrever ou fazer anotações, enquanto ouvem uma mensagem. Essa é uma prática louvável, pois geralmente, não conseguimos absorver um discurso em sua totalidade, lembrando-nos particularmente da parte final, ou mesmo de um ponto específico, que tenha nos impressionado. Esse é o resultado do ouvir objetivo.
Não obstante, ressaltamos o aspecto subjetivo, interior do ouvir, objetivo desse texto. O ouvir, que resulta de nossa regeneração, como uma consequência do habitar do Espírito em nosso espírito. Por isso se diz: “O ouvir veio por termos recebido o falar de Cristo”. Dentro de nossa vivência, associamos a primeira experiência do ouvir, ao evangelho (Ef 1:13), palavra por meio da qual, viemos a crer, pois “a fé vem pelo ouvir”. Posteriormente, passamos a ouvir, o falar subjetivo do Espírito de Deus em nós. Lembramos ainda, que o falar subjetivo, baseia-se, na palavra, tanto em seu aspecto “logos” (preto no branco) como no aspecto “Rhema” (palavra revelada). “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.


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