“Tão-somente
o sangue não comerás; sobre a terra o derramarás como água. Somente empenha-te
em não comeres o sangue, pois o sangue é a vida; pelo que não comerás a vida
com a carne. Não o comerás; na terra o derramarás como água. Não o comerás,
para que bem te suceda a ti e a teus filhos, depois de ti, quando fizeres o que
é reto aos olhos do Senhor”. (Dt 12:16-25).
O
que podemos concluir, é que o sangue é a vida da carne. Num tempo onde os
animais eram oferecidos em sacrifícios substitutivos, o sangue alcançou um
inestimável valor. Na verdade, o sangue dos animais, eram derramados a favor do
homem. Cada animal listado entre os aceitos pelo critério Levítico, emprestava
as suas características naturais, a representação de determinados pecados. Dentro
desse contexto, o sangue de animais e de aves, tinham o valor correspondente a
uma vida humana. Imaginemos, que não houvesse um animal para derramar o sangue,
em substituição de seu ofertante, então, não haveria remissão para seus
pecados, sendo necessário, a sua execução sumária, pois essa é a prescrição da
lei com relação ao pecador (Hb 9:22). Dentre algumas considerações, podemos
inferir, que a observação dessas leis, tinham como objetivo, a restrição
alimentar, para que uma necessidade básica de alimentação, não viesse a
concorrer com o sangue necessário a sua própria remissão. Vale a pena lembrar,
que o sangue, traz sérias consequências a saúde do homem, visto que é um
veículo para diversos tipos de doenças transmissíveis. Dentre os muitos
distúrbios, temos a hemocromatose, doença causada, pela alta concentração de
ferro no sangue. Quando analisamos os efeitos nocivos causados pela ingestão de
sangue em nosso organismo, chegamos a incontestável conclusão, de que o homem
diferentemente dos animais hematófagos, não podem alimentar-se de sangue. Uma
vez que todas as coisas que se encontram no velho testamento estejam ligados a
alegorias e representações, deveríamos analisarmos o significado dessa regra, a
luz da nova aliança.
Alguns
estudiosos, na intenção de resgatar a importância da abstenção do sangue por
parte dos cristãos, recorrem a passagem de Atos 15:20, ocasião, em que os
lideres judeus enviam cartas de recomendações, aos gentios recém regenerados,
para que a despeito das orientações neo-testamentárias de Paulo, ainda guardassem
certas prescrições da lei. Mas leiamos João 6:54 “Quem comer a minha carne e
beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”.
Podemos imaginar, o efeito dessas palavras proferidas pelos lábios do nosso
Senhor Jesus Cristo, quando chegaram aos ouvidos daqueles que velavam pelas
recomendações, como uma decisão de vida ou de morte. O problema, é que alguns cristãos
beneficiados pela nova aliança, querem resgatar alguns fragmentos da lei, para
aplicá-los em doses religiosas, com o fim talvez de manipular os crentes a sua
própria interpretação. Não seria razoável, para aqueles, que insistem em viver
sob a lei, que resgatassem as ofertas por inteiro? Não somente abster-se do
sangue, ou não cortar os cabelos, mas guardarem toda a lei? Como se diz:
“aquele que tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2:10).
Uma
vez que o objetivo da proibição de Deus não esteja fundamentada na alimentação,
cabe-nos uma segunda opção, que evidencia o significado do sangue, somente no
período da lei. Nesse caso, podemos reconhecê-lo, como uma referência honrosa ao
sangue de Jesus Cristo, que no futuro, haveria de ser derramado a nosso favor
(Hb 10:1). Não é um fato desconhecido pelos cristãos do novo testamento, que
todos os animais oferecidos sobre o altar de holocausto tipificavam Cristo como
a nossa oferta única e eterna. Após a morte do nosso cordeiro pascal, já não
existe a necessidade de sangue de bodes e ovelhas, porque Cristo tornou-se a nossa
realidade (Hb 10:5-18). Não deveríamos tratar o impasse sanguíneo com igual
consideração?
Uma
vez esclarecido, que o sangue, pelas suas próprias características, não deve
fazer parte da nossa dieta, ou seja, não pode ser ingerido; resta-nos o impasse
da transfusão.
Transfusão de Sangue
Desde
primeiro de julho de 1945, esse assunto tem sido amplamente discutido, não somente
pelos cristãos, mas pela opinião pública. Nesta data, as polêmicas testemunhas
de Jeová, declararam em uma de suas edições, intitulada: “A Santidade do
Sangue”, que a transfusão de sangue humano, constitui uma violação do concerto
de Jeová, ainda que a decisão, comprometa a vida de um dos seus filiados. Isso,
porque, segundo a ótica dos Tazianos (religião
fundada por Taze Russel), o sangue seria a origem do pecado. Essa alegação
parte do pressuposto, de que o pecado acumula-se no sangue, e uma vez que receba
o sangue de alguém, receberia também os seus pecados. Esse pode ser o conteúdo
daquilo que eles ouviram, mas não é o conteúdo daquilo que está escrito, sendo
assim, essa não é uma verdade que nós devemos praticar. Por meio de Romanos
3:23 e 5:12, ficamos cônscios, de que o pecado foi transmitido a cada um de
nós, por meio de Adão. A bíblia, trata o pecado e os pecados de forma
diferenciada. A palavra, em momento algum, sugere o perdão do pecado, mas dos
pecados. Pecados são aqueles que nós cometemos, mas “o pecado”, é uma
referência a natureza maligna, que habita em cada um de nós (Rm 7:15-25). Se
houvesse alguma verdade na alegação de tais pessoas, poderíamos afirmar, sem
receio, de que o próprio Senhor Jesus, fora concebido em pecado. Devemos
perceber, que na concepção do Senhor Jesus, José não teve participação alguma
(Hb 4:15). Jesus, foi concebido, por meio do Espírito Santo, sem a sua
participação. Você sabe qual a razão? Foi para que o Senhor não tivesse pecado
em si, em seu corpo. O fato de a mulher não transmitir pecado, parece ser
desconhecido da maioria dos crentes. Embora a mulher tenha o pecado habitando
em seu corpo assim como em Adão, ela, não tem a posição e autoridade para
transmiti-lo. Bem aventurado aqueles que lêem. Quando lemos Gênesis 1:27 “Criou
Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou”, não devemos negligenciar, que Adão, fora criado antes de Eva. Podemos
afirmar, que Eva estava em Adão, no momento em que ele fora criado. Esse
princípio nós encontramos em Hebreus 7:9-10, quando Paulo afirma, que Levi
ainda não existia, quando Abraão pagou dízimo a Melquisedeque. Na verdade Levi
estava nos lombos de Abraão, em seu corpo. Não foi diferente com Adão e Eva.
Eva estava em Adão, e eram reconhecidos por Deus, como uma única pessoa.
Leiamos Gênesis 5:2 “homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo
nome de Adão, no dia em que foram criados”. Como vemos, Adão e Eva, são uma
única entidade. Para que tenhamos mais luz a esse respeito, o apóstolo Paulo
nos da maiores informações em 1Coríntios 11:7 “a mulher é glória do homem, mas
o homem é glória de Deus”. Em 1Coríntios 11:3, Paulo apresenta o princípio da
ordenação de Deus: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo
homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”. Outro
aspecto importante que o Senhor transcreveu para que nós entendêssemos o seu
princípio governamental, encontra-se em Gênesis capítulo três. Nessa porção da
palavra, fica evidente, que a origem do pecado, na raça humana, foi Eva e não
Adão; ele anuiu a transgressão de Eva, tornando-se co-responsável, pela
desobediência de sua esposa. Adão, não foi a fonte do pecado, mas alguém que
consentiu no erro. Percebemos, que na ocasião em que o Senhor, apura a
responsabilidade entre as partes, Eva ficou com a menor das consequências, mas
Adão pelo contrário, levou toda a culpa sobre si. A transgressão de Eva, trouxe
consequência, para o seu corpo: “Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua
gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu
marido, e ele te governará” (Gn 3:16). As consequências da transgressão de Adão
comprometeram toda a criação: “Visto que atendeste a voz de tua mulher e
comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua
causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida” (Gn
3:17). A maldição se estendeu a todo o planeta Terra por meio de Adão.
O sangue que corria no corpo de Maria, era o sangue
de Adão. Se tomássemos o sangue de Adão, e o injetássemos em um de seus
descendentes, nada ocorreria, no que diz respeito ao pecado, pois o sangue de
Adão, é comum a toda humanidade, seja qual for a nossa nacionalidade. Se o
sangue fosse o veículo do pecado, certamente Jesus, teria o pecado em si.
O que podemos afirmar, é que o nosso corpo,
encontra-se inutilizado pelo pecado, não restando a ele, nenhuma esperança, a
não ser a morte. Dado a condição irremediável de nosso corpo, Deus diz: “sem
derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9:22). O pecado não tem cura.
Nosso corpo, foi inutilizado por ele. O pecado está relacionado a nossa
personalidade, aquilo que somos, enquanto os pecados, são o resultado daquilo
que praticamos. Embora o pecado habite em nós e não possa ser removido de nós,
os pecados podem ser perdoados (1Jo 1:9). Paulo afirma que o pecado habita em
nós (Rm ), mas os pecados, são resultantes de nossas atitudes, das
transgressões que nós cometemos. Nada podemos fazer com relação ao pecado, mas
podemos fazer muito com relação aos pecados (2Tm 2:21).
Imaginemos, que Adão tenha vivido muitos anos sem o
pecado, e que somente aos quinhentos anos de idade, tenha gerado muitos filhos
e filhas. Podemos afirmar com todas as letras, que dentro do princípio bíblico,
certamente esses filhos e filhas, não teriam “o pecado”. Mas que Adão, após
tantos anos resistindo a atração da árvore do bem e do mal, sucumbisse, e num
momento de insanidade, comesse do fruto proibido! Quais seriam as consequência?
Alguns podem imaginar, que os muitos filhos gerados por Adão antes de sua
queda, permaneceriam em seu estado de pureza, sem o pecado, mas os filhos
gerados após esse incidente, seriam participantes do pecado do pai, por
transferência genética, por meio do sangue. Mas o princípio que nos é
transmitido aqui, não é físico, mas espiritual. No instante, que Adão tocasse
na árvore do bem e do mal, todos os seus descendentes, sem exceção, os
anteriores e os posteriores em sua árvore genealógica, tornar-se-iam pecadores.
Não pelos pecados, pois não precisamos pecar, para tornar-nos pecadores, mas
pelo fato de “o pecado” ter sido transmitido a nós, por meio da origem Adão. Esse
princípio, aplica-se também a obra de Cristo, que por meio de sua morte e
ressurreição, nos transferiu do primeiro Adão, para o outro; o último Adão, para
Ele mesmo. Fomos transplantados Nele. Estávamos em uma árvore adâmica, agora, desfrutamos
dos ricos nutrientes da árvore de João 15.
O pecado, é algo comum a todos os homens, sem
exceção (Rm 3:23; 5:12). Nós não somos pecadores porque pecamos, mas, pecamos
porque somos pecadores.
Esse é um exemplo, das coisas, que lemos, das
coisas que ouvimos, e das coisas que se devem guardar. Nem tudo o que ouvimos,
estão em conformidade com as verdades. Temos que buscar o entendimento na
palavra, para que não nos tornemos pessoas comprometidas, com práticas
questionáveis, que resultam de doutrinas e ensinamento de homens.
Você percebe que o sangue, não tem nada haver com o
pecado? O sangue é a vida do corpo, sem o qual, pereceríamos. Derramar o
sangue, levaria o corpo do pecado a morte, mas Cristo, já fez isso por nós (Rm
6:8). A providência de Deus, para nos redimir, foi a morte substitutiva do
cordeiro, para que não tivéssemos que pagar com o nosso próprio sangue. Deus
precisa de cada um de nós, para levar a sua vontade eterna a diante. Mortos não
temos utilidade nenhuma para o plano atual de Deus. Esse é o motivo pelo qual,
Deus nos livrou da morte. Ele nos deu o seu sangue. Quando cremos no Senhor
Jesus, fomos incluídos em sua morte (Rm 6:8).
Quanto ao pecado, nada podemos fazer, pois para removê-lo de nós, somente por
meio de nossa morte, ou seja, é necessário o derramamento de sangue. Mas quanto
aos nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar (1Jo 1:9). Grandes campanhas
são realizada, para que a população, compareçam aos hemocentros, para reposição
dos bancos de sangue, que dia após dia, tem proporcionado uma segunda
oportunidade de vida a aqueles, que podem ser tocados pelo Espírito de Deus. Essa
é uma responsabilidade social. Quando uma pessoa sofre um acidente, e perde
grandes quantidades de sangue, ele precisa ser reposto. Mas saiba, que o sangue
é a vida do corpo, sem o qual ele morrerá. Em nosso corpo habita o pecado com
todos os seus atributos, reconhecidos em Gálatas 5:19-21 “prostituição,
impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas
semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos
preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam”. Embora
todas essas coisas, sejam a constituição do pecado que habita em nós, devemos
atentar para a conclusão desse versículo: “os que tais coisas praticam”. Todos
os atributos malignos, podem ser vinculados a “o pecado”, residente em nós, mas
“os pecados”, aparecem no final: “os que tais coisas praticam”. Por fim, parece
que essas alegações, comparam-se as superstições populares, que em desacordo
com a medicina moderna, esmeram-se em ensinar, que a prática de chupar limão,
pode purificar o sangue de alguém. Uma vez que essas crendices sejam
desmistificadas, devem ser abandonadas.
Vale a pena, levantarmos outra questão, com relação
a árvore do bem e do mal, para que o fantasma do sangue, não venha incomodar, a
vida dos crentes, após a morte de Cristo.
Muitos pensam que o ponto central da queda do homem
em Gênesis, tenha sido o pecado. Leia atentamente o relato de Gênesis (3:5), e
verá, que existe duas situações distintas a serem consideradas nessa narrativa.
Uma questão, é o pecado. Outra questão, é a natureza maligna. Quando Eva, deu o
primeiro passo em direção a árvore proibida, ela o fez, por ter sido
influenciada pela natureza maligna. A razão de Eva, ter se dirigido a árvore
proibida, foi porque Satanás, a induziu ao erro. A queda de Satanás, ocorreu
pela pretensão, de tornar-se igual a Deus, o seu criador. Como lemos em Gênesis
3:5 “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos
e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. Você reconhece a motivação
implícita em seu falar: “como Deus?”. Foi essa a motivação, que levou Eva em
direção a árvore do bem e do mal: “ser igual a Deus”. Tiago 1:14-15, diz, que
primeiramente temos a cobiça e daí então, a cobiça, depois de haver concebido,
dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. A cobiça, nasceu
no coração de Eva, e então ela moveu-se em direção a árvore para cumprí-lo. Por
meio dessa observação, podemos discernir claramente, a diferença entre o pecado
e os pecados. O pecado nos motiva a cometermos pecados. Existe outros exemplos
na palavra, em que o princípio se aplica. Judas, contemplava a possibilidade de
trair Jesus, por trinta moedas de prata. Na noite de Páscoa, quando juntamente
com os apóstolos, ceavam com o Senhor, Satanás entrou em seu coração (Lc 22:3).
Esse é o momento em que
Satanás sugere algo em nossa mente. A partir desse instante,
se houver uma intenção ou uma indisposição, haverá um movimento em direção aos
pecados: “Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite” (Jo 13:30).
O Senhor disse certa vez, que se olharmos com
intenção impura para uma mulher, nós já adulteramos com ela (Mt 5:28). A mulher
foi criada para o homem. A palavra diz, que a mulher é a glória do homem. Seria
algo anormal, olharmos para uma mulher, e não admirarmos a sua forma, a sua
beleza, pois Deus à fez para o homem. É como observarmos uma árvore florida.
Não existe pecado na contemplação, pois todas as coisas foram criadas para o
homem. Também não existe pecado, quando observamos a beleza da mulher. Você vê
o princípio de Gênesis aqui? Se o que move você em direção à uma mulher, são intenções
questionáveis, você não terá de concluí-las, para se tornar repreensível diante
de Deus. Assim diz o dito popular: “Não podemos evitar, que um pássaro pouse em
nossa cabeça, mas podemos evitar, que ele faça um ninho sobre ela”. Da mesma
forma, não podemos evitar que os pensamentos passem pela nossa mente, mas se
deixarmos esses pensamentos entrar em nosso coração, ele nos conduzirá ao erro.
Se
o pecado é uma herança hereditária, ela é comum a todos os descendentes adâmicos,
e não precisamos pecar para nos tornarmos um pecador. Por outro lado, os
pecados são produzidos através de nossas atitudes. O que concluímos, é que na
ocasião de uma transfusão sanguínea, não receberíamos nada além daquilo que já
se encontra dentro de nós. Quanto aos pecados: “Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça” (1Jo 1:9). Mediante as revelações bíblicas, podemos afirmar, que o
pecado tem seus dias contados em cada um de nós. Ele nos deixará por meio da
morte ou na ocasião da volta do Senhor para aqueles que estiverem vivos (1Co
15:52). Quanto aos pecados, basta-nos confessá-los, e os temerosos receptores
sanguíneos, não terão somente mais tempo, como também, mais um motivo para
louvar o Senhor.